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Design biofílico tende a melhorar saúde e bem-estar no trabalho

O crescimento desenfreado das megacidades tem causado danos à sociedade que vão muito além do mau planejamento urbano com seus engarrafamentos quilométricos, problemas de mobilidade e enchentes que destroem regiões mais próximas a rios e córregos. 

A nossa saúde também sofre, e não é à toa que a depressão e o transtorno de ansiedade, sem contar com outros problemas mentais como a bipolaridade e a esquizofrenia, assolam especialmente a população urbana. Segundo um estudo recente feito por um consórcio internacional com o apoio da Fapesp no Brasil e publicado na revista Jama Psychyatry, a incidência de um primeiro episódio psicótico em países europeus tem sido observada com maior ocorrência em grandes centros urbanos em comparação com pequenas vilas e áreas rurais. Outro, liderado pela ONG The Nature Conservancy (TNC) em parceria com a Universidade de Virginia e o Centro de Resiliência de Estocolmo e publicado na revista científica Sustainable Earth, destacou que 46% das pessoas que vivem nas grandes cidades já sofreram de problemas relacionados à saúde mental.

Paralelamente, pesquisas no mundo todo, como a liderada pela ONG TNC, analisam como reverter o quadro, e a resposta pode estar num movimento simples: a reconexão com a natureza. 

Amor à vida
Um termo relativamente antigo tem apoiado o trabalho de arquitetos e designers que se empenham em melhorar os ambientes construídos ao redor do mundo. A biofilia, um termo popularizado pelo entomologista e biógrafo americano Edward Osborne Wilson num livro homônimo publicado pela Harvard University Press 1984, sugere que temos uma tendência natural a voltarmos nossa atenção às coisas vivas. 

Em menor escala, incorporar elementos da natureza nos ambientes em que vivemos ou passamos grande parte do nosso tempo – como no trabalho – pode trazer ganhos reais à nossa saúde mental e física, aumentando nossa sensação de bem-estar ao longo do dia.

Biofilia no ambiente de trabalho
Apenas prever mais pontos verdes nos layouts corporativos já é um primeiro passo para incorporar a biofilia nos projetos corporativos. Mas há esforços que podem ampliar nossa sensação de proximidade com a natureza no ambiente construído. É o que faz, por exemplo,  uma consultoria britânica especializada em incorporar o design biofílico em empresas, hotéis, hospitais, escolas e residências. 

Em parceria com a BRE e com o apoio de empresas como a Akzo Nobel, a Oliver Heath Design desenvolveu uma metodologia própria para incorporar preceitos biofílicos nos projetos, que vão desde a avaliação da luminosidade até a umidade ideal nos espaços. 

Em um projeto piloto, eles avaliaram as intervenções em têm níveis de aplicabilidade: um primeiro, que visa elementos de baixo custo como os móveis corporativos; um segundo que enfoca as intervenções mais invasivas, como o revestimento de pisos e paredes; e um terceiro, mais abrangente, que visa a incorporar elementos realmente vivos no projeto, como fontes de água, paredes verdes e sistemas de iluminação circadiana projetados para imitar a luz natural e melhorar os padrões de sono e o funcionamento cognitivo da equipe.

Para quem ainda tem dúvidas, os ganhos são reais: o relatório “O impacto global do design biofílico no ambiente de trabalho” da Human Spaces chegou à conclusão de que aqueles que trabalham em ambientes com elementos naturais relatam níveis mais altos de bem-estar (+15%), produtividade (+6%) e criatividade (+15%) do que aqueles que trabalham em ambientes sem natureza.

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