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Concorrência tem valor

Um escritório de arquitetura é convidado para participar de uma concorrência de projeto e se depara com o seguinte quadro: mesmo sem saber com quem disputa e até sem ter tanta clareza sobre o escopo do projeto lançado pelo cliente, investe recursos, despende horas e horas de trabalho e desgasta a equipe envolvida. No final das contas e com frequência, quem ganha a disputa ainda sai no prejuízo.

Em 2016, esse cenário, comum em todo o mercado, começou a ser questionado por um grupo de arquitetos que passou a se reunir para discutir o assunto e buscar uma solução. Este foi o mote para o lançamento da campanha “Concorrência com Valor”, que rolou ontem em um talk encabeçado pelos arquitetos e membros diretores da AsBEA Pierina Piemonte (da LPA Arquitetura) e Luis Gustavo Campos (do RP Estúdio) durante o Office Connection 2018.

No manifesto lançado pelo grupo de trabalho, hoje estruturado na AsBEA, os arquitetos defendem que a competição dentro da livre concorrência é um motor de aperfeiçoamento e inovação de bens e serviços. “Para que ela seja estruturadora de um mercado saudável e dinâmico, em qualquer setor da economia, deve ocorrer de forma a promover a máxima igualdade nas condições de participação entre os competidores e reconhecer os valores que cada um deles traz para a mesa.”

Por dentro da campanha

A ação segue os moldes e está integrada ao trabalho lançado pela ABEDesign (Associação Brasileira de Empresas de Design), e marca o início de um processo que visa a conscientizar os contratantes a promover competições pautadas pela igualdade de condições, com transparência entre as partes e uma remuneração justa pela participação no processo.

Além de discussões como a de ontem no Office Connection 2018, o grupo de trabalho – que já mira envolver outros setores da cadeia como construtoras, indústria, consultores e projetistas – também encabeça um manual de boas práticas para quem lança campanhas de livre concorrência. Confira alguns pontos defendidos pelo documento:

– Uma concorrência justa deve ter regras claras, abrir os nomes participantes do processo, esclarecer os principais desafios do projeto e não contar com mais de três empresas concorrentes;

– O manual dá o caminho das pedras para uma justa seleção de empresas competidoras;

– Esclarece ainda como elaborar um briefing claro e de qualidade;

– Defende uma remuneração justa pela participação de cada empresa convocada;

– Fala também sobre a importância dos escritórios conhecerem os critérios de seleção listados pelo cliente;

– Demonstra o interesse dos participantes em se aproximar dos contratantes para que o trabalho final esteja o mais alinhado possível com o briefing proposto;

– Defende que os prazos mínimos para a apresentação dos trabalhos sejam condizentes com o desafio proposto;

– E que um feedback, em caso de insucesso, também seja dado, a fim de que as empresas possam sempre se aperfeiçoar.

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